domingo, 1 de junho de 2014









PORQUE O CÉU É NEGLIGENCIADO?

Uma razão óbvia pela qual muitos de nós não refletimos sobre o céu e tão seguidamente como devíamos é que nos preocupamos demais com o presente mundo. Estamos rodeados do que podemos ver, ouvir, tocar, saborear e cheirar. Se eu pegar uma moeda e a segurar junto ao meu olho, ela bloqueará a luz do sol e eu não verei nada senão essa pequena e brilhante moeda. Ora, o sol é maior que uma moeda está junto ao meu olho, ela impede a visão de uma coisa incomparavelmente maior. As realidades da vida diária podem não ser nem grandes, em última instância, importantes, porém estão junto de nós e nos causam forte impacto. E o perigo é que a própria proximidade deste mundo bloqueie a perspectiva infinitamente mais vasta do glorioso mundo vindouro.
Outra razão da negligência do céu é que, ao menos no mundo ocidental, estamos passando bem. Quanto à maior parte da população, somos relativamente ricos, razoavelmente sadios, sofrivelmente felizes. A vida é doce e, sem que o percebamos, somos dopados pelo bem-estar e pela prosperidade. As tragédias no espetam, nos acordam e de repente nos fazem lancinantemente cientes do céu e do inferno. Um ser amado adoece gravemente e num instante vemos que o céu já não é algo teórico ou muito distante. É muito real, e ansiamos descobrir mais sobre ele. Entretanto, por muito tempo ficamos contentes como estamos. Outras gerações de crentes tinham mais do espírito dos peregrinos. "Este mundo não é meu lar", eles cantavam, "Estou simplesmente passando por aqui". Eles se descreviam como "peregrinos passando por esta árida terra". Mas o nosso mundo é um mundo rico, um mundo aprazível, e fincamos raízes. Negociamos o "doce porvir" trocando-o pelo próspero aqui e agora. Esta é uma era de gratificação imediata, e há muita coisa para se desfrutar no presente. A sociedade nos oferece uma deslumbrante gama de experiências, desde as novas tecnologias de entretenimento interativo até as mais exóticas férias no estrangeiro. As comodidades deste mundo tornam o céu menos atraente.
Ou pode ser que negligenciamos o céu porque vemos como nada mais que um próximo estágio inevitável da nossa existência. É certamente assim que os incrédulos pensam. Todavia, muitos cristãos professos pensam de maneira semelhante a essa. Cremos no céu, é algo que vai acontecer no futuro, e, quando acontecer, sem dúvidas vamos gozá-lo. Mas, por enquanto, por gastar tempo inquirindo sobre eles? Como é que devaneios podem nos ajudar? Quando o céu vier, virá. Haverá então bastante tempo para pensar nele...Às vezes parecem que os cristãos passaram por uma lavagem cerebral que os levou a negligenciar o céu.
Também pode ser que estejamos ávidos de agradar os de fora da Igreja, perguntando-lhes ansiosamente o que eles esperam de nós e garantindo-lhes que procuremos prover-lhes o que esperam receber. E o mundo alega que quer o que é obviamente relevante. "Se vocês não tem nada prático para nos ensinar", dizem eles, "não queremos ouvi-los. Precisamos de ajuda para o aqui e o agora, para hoje e amanhã. Que benefício concreto a sua mensagem me traz agora? Como pô-la em uso? Não me falem sobre "castelos ar". E com muita frequência na Igreja nós temos capitulado a esse pensamento e temos negligenciado a glória do por vir. Um dos mais danosos lemas de satanás é a crítica que ele faz dizendo que os cristãos pensam demais no céu para terem alguma utilidade na terra. Queremos ser úteis na terra, claro, e ficamos pensando que a resposta é pensar menos no céu. Ao contrário, como veremos, só os que tem o coração posto no céu é que, em última análise, são de muita utilidade na terra.
Essa acusação é um golpe de mestre do diabo. Sua influência está por trás de grande parte da nossa negligência do céu. Pois é do seu interesse fazer com que o negligenciemos, cegar a nossa mente para esta gloriosa possibilidade, e fazer com que focalizemos a nossa atenção de vista curta no presente imediato.

Extraído do livro "Depois da morte o quê? - O ensino bíblico sobre o céu e o inferno", Edward Donnelly, Editora PES, Págs. 94-97.