terça-feira, 6 de maio de 2014

João Calvino (1509-1564)



"Ah! filha de babilônia, que vais ser assolada; feliz aquele que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós. Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras." Salmo 137:8-9. Nesta passagem, Calvino comenta: Embora a vinda do juízo de Deus, ainda não lhe estivesse aparente, o salmista discerne-a com os olhos da fé, tal como o apóstolo define apropriadamente a fé como " a convicção das coisas que não se vêem" (Hb 11.1). Embora parecesse incrível que qualquer calamidade pudesse sobrevir a um império tão poderoso como o era então a Babilônia e inexpugnável como geralmente era considerada, o salmista vê pela ótica da Palavra a destruição e subversão desse império. Ele convoca todo o povo a fazer o mesmo, e, pela fé na sublimidade dos oráculos celestiais, convida-os a desprezar o orgulho daquela cidade desprezada. Se as promessas divinas nos inspiram com esperança e confiança, e o Espírito de Deus molda as nossas aflições de acordo com a sua própria retidão, devemos erguer nossa cabeça, nas mais profundas aflições pelas que tenhamos de passar, e gloriar-nos no fato de que tudo está bem conosco em nosso piores fadigas e que nossos inimigos estão destinados a destruição. Ao declarar que seriam felizes os que pagassem os babilônios com vingança, o salmista não quis dizer que o serviço feito pelos medos e persas receberia, por si mesmo, a aprovação de Deus; pois estavam envolvidos na guerra por ambição, cobiça por insaciável e rivalidade inescrupulosa. Contudo, ele declara que uma guerra realizada sob o auspício de Deus seria coroada de sucesso. Visto que Deus determinara punir Babilônia, Ele pronuncio uma bênção sobre Ciro e Dario. Por outro lado, Jeremias(48.10) declara maldito aqueles que realizassem a obra do Senhor negligentemente, isto é, fracassassem em realizar com zelo a obra de destruição à qual Deus os chamará como executores contratados. Querer que as criancinhas tenras e inocentes fossem lançadas e esmagadas nas rochas talvez pareça conter um sabor de crueldade, porém o salmista não fala sob o ímpeto de um sentimento pessoal e emprega somente palavras que Deus mesmo havia autorizado. Portanto, isto é apenas a declaração de um juízo justo, semelhante as palavras de nosso Senhor, quando disse: " Com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também" (Mt 7.2). Isaías (13.16) havia emitido uma predição especial em referência à Babilônia, uma predição que o salmista, sem dúvida, tinha diante de si: "Eis que eu despertarei contra eles os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco desejarão ouro. Os seus arcos matarão os jovens; eles não se compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão as crianças".

 JOÃO CALVINO,SALMOS,VOL.4, PÁG. 471 e 472, EDITORA FIEL Curtir · · Promover · Compartilhar

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